terça-feira, 21 de novembro de 2017

Na plataforma da estação

Eu estava atrasado naquela manhã. Relógio apontava quase 11h quando, no meu destino, eu teria de estar às 10h. Não foi uma manhã fácil aquela. Desci a rua de casa às pressas e entrei no primeiro ônibus que ia para estação de metrô. Conferi meus bolsos para saber se tudo que eu precisava estava ali – celular, cigarros e carteira. Sim, tudo estava em seu devido lugar.

Foi então que, no trajeto para a estação, eu descobri que aquela manhã me surpreenderia. Após voltar ao meu estado normal e passar a perceber as pessoas ao meu redor, meus olhos, como imã, se voltaram para uma garota em especial. Eu não sei definir exatamente o que passou pela minha cabeça, mas senti que os lindos olhos castanhos claro dela também se voltaram pra mim. Nossos olhos, então, se encontraram por alguns longos segundos.

Chegamos ao destino e descemos. Ela na minha frente. A deixei propositalmente nessa posição para que eu pudesse segui-la. Aquele encontro ocular, de alguma forma, me fez esquecer que estava atrasado. Continuei.

Já na plataforma da estação, por coincidência, parei logo atrás dela. Sentamos bem próximos um do outro, mas o encontro dos olhos já não era frequente. Chamam isso de timidez. Mas eu estava disposto a vencer a minha, já que aparentemente ela não venceria a dela. Ainda lembro de suas pernas se mexendo pra cima e para baixo, demonstrando ansiedade. De certa forma achei aquilo engraçado.
Já próximo de onde eu desceria, respirei fundo e, sem qualquer plano, me aproximei:

- Oi, tudo bem? Perguntei com a voz tremula.
Silêncio.

Percebi que ela estava de fone, mas que tinha me ouvido.
- Tudo e você?

Ainda sem muito o que dizer, pedi seu telefone e fui prontamente atendido. Nesse momento, um misto de alívio por não ter sido ignorado, e de alegria por não ter deixado escapar a oportunidade de conhecer alguém que, mais adiante, eu confirmaria ser interessante.


Hoje, alguns dias após o ocorrido, tenho entendido que minha decisão foi correta. Agora, nossos olhos que se cruzaram naquela manhã, se fecham todas as vezes em que nossas bocas se encontram.

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