Todos os dias, pela manhã, ele saía de casa com seu velho agasalho e par de tênis sujo e desgastado. Aparentemente ia trabalhar. Tinha uma aparência introspectiva e reservada. Cabelos crespos e sua pele é o que chamam de pardo.
Em sua casa vivia sozinho. Seu semblante mostra ter pouco mais de trinta anos. Nunca foi visto com mulher alguma. Por ser fumante, a possibilidade de ser um religioso é ínfima. Depois de quase sete horas longe, o misterioso homem retorna a sua casa – está visivelmente exausto. Sem deixar pistas do que faz durante o dia, o homem me estimula a pensar em várias situações. O que isso tem de importância? Nada, mas a sua neutralidade cativa minha curiosidade, a de qualquer um.
Certo dia chegou por volta das oito da noite, com sacolas – pareciam ser compras. Seus olhos indicavam uma serenidade ímpar, o que aguçava ainda mais a minha vontade de permanecer ali, estático. Seus gestos pareciam ser milimetricamente calculados. Ações como abrir e fechar a porta, sempre com a mão direita, fundamentam minha teoria.
Dias desses saiu segurando um saco preto. Com um olhar tenso, procurei enxergar o máximo que podia. Ele chegou a tomar um susto ao ver um gato que passeava pela calçada. Volta para dentro da casa e, ali, fica uns quarenta minutos. Sai, agora sem portar o tal saco preto, e corre pela rua.
Passados dois dias escuta-se um estrondo – vem de sua casa. Vejo-o sair ainda mais perturbado. Sua emoção era tanta, que acabou por tropeçar em uma pedra, quase o levando à queda. Naquele dia abriu a porta com a mão esquerda. Algo estava para acontecer. Entrou em sua casa e não saiu mais.
Tempo depois uma ambulância e carros da polícia pararam em frente sua casa. Adentraram e, minutos depois, saíram com o homem deitado sobre a maca. Aparentemente estava sem vida. O descontrole e o sentimento de ser cúmplice de 'alguma coisa' passou a fazer parte de mim. Decidi, então, nunca mais olhar pela janela.
Em sua casa vivia sozinho. Seu semblante mostra ter pouco mais de trinta anos. Nunca foi visto com mulher alguma. Por ser fumante, a possibilidade de ser um religioso é ínfima. Depois de quase sete horas longe, o misterioso homem retorna a sua casa – está visivelmente exausto. Sem deixar pistas do que faz durante o dia, o homem me estimula a pensar em várias situações. O que isso tem de importância? Nada, mas a sua neutralidade cativa minha curiosidade, a de qualquer um.
Certo dia chegou por volta das oito da noite, com sacolas – pareciam ser compras. Seus olhos indicavam uma serenidade ímpar, o que aguçava ainda mais a minha vontade de permanecer ali, estático. Seus gestos pareciam ser milimetricamente calculados. Ações como abrir e fechar a porta, sempre com a mão direita, fundamentam minha teoria.
Dias desses saiu segurando um saco preto. Com um olhar tenso, procurei enxergar o máximo que podia. Ele chegou a tomar um susto ao ver um gato que passeava pela calçada. Volta para dentro da casa e, ali, fica uns quarenta minutos. Sai, agora sem portar o tal saco preto, e corre pela rua.
Passados dois dias escuta-se um estrondo – vem de sua casa. Vejo-o sair ainda mais perturbado. Sua emoção era tanta, que acabou por tropeçar em uma pedra, quase o levando à queda. Naquele dia abriu a porta com a mão esquerda. Algo estava para acontecer. Entrou em sua casa e não saiu mais.
Tempo depois uma ambulância e carros da polícia pararam em frente sua casa. Adentraram e, minutos depois, saíram com o homem deitado sobre a maca. Aparentemente estava sem vida. O descontrole e o sentimento de ser cúmplice de 'alguma coisa' passou a fazer parte de mim. Decidi, então, nunca mais olhar pela janela.
5 comentários:
Belíssimo texto
vc estah se superando
bjos
Oh cotidiano maldito.
O fato é que temos tanta curiosidade sobre o que nos cerca, mas não nos damos o trabalho de nos envolver com as pessoas.
O simples cotidiano é tão rico para temas.
Simples, direto, mas nem por isso deixa de ser Fantástico!
Adorei.
VC É BOM NISSO...
MUITO BOM...
VAMO TOMA UMA BREJA, PARA DE ESCREVER E VAMO BEBE PRA ESQUECR OS POBREMA...RS
ABS
Olá Glauber,
De repente até eu senti culpa por apenas ter assistido.
abraços,
Paula
E ai Glaubito?
Confesso que cheguei a duvidar do seu talento como escritor, mas depois de ler este texo sou obrigado a me curvar!
Parabéns, você nasceu com uma bico de pena na alma.
Abraço Du
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