Bem, meu nome é Glauber Canovas e vou contar um
pouco da minha história. Tenho 32 anos e uma família e amigos maravilhosos. Sou
jornalista, me considero um bom profissional e tenho a mais completa noção que
sou um homem privilegiado. A minha vida não é diferente da de ninguém. Repleta
de altos e baixos, recheada de conquistas e também tropeços.
Tenho uma personalidade marcada, desde sempre,
pela ansiedade o que sempre me levou a fazer coisas e tomar decisões no impulso.
Ora essas coisas e decisões impulsivas se transformavam em consequências positivas,
ora (na maioria das vezes), não. No entanto, eu sempre dei de ombros. Sempre
minimizei os problemas substituindo-os por outras coisas que, paliativamente,
me faziam esquecer e não me deixavam abater.
Porém, o ano de 2017, definitivamente, me
obrigaria a enfrentar tudo o que eu havia deixado pra trás nesses anos todos. Por
mais que eu fizesse força para fugir, essa hora chegaria. E tenho que dizer,
essa hora chegou! Pior, o baque foi maior e pior do que imaginei. Os primeiros
desafios surgiram logo no início do ano, quando me divorciei. Três meses depois
minha vida parecia ter entrado no eixo. Achei que tivesse encontrado a tal
felicidade. Mas em setembro, porém, passei a ter sensações e sentimentos que já
tinha sentido antes, mas algo era diferente. Parecia o prenuncio de algo maior.
Minha felicidade, em uma velocidade atroz, foi se transformando em angústia,
tristeza, medo e solidão.
Eu, como sempre fiz a vida inteira, tentei de
alguma maneira fugir. Mas dessa vez eu não tive o que colocar no lugar. Lutei de
todas as formas contra esses sentimentos. Mas a cada tentativa de me esconder, a
angustia me cercava e me apertava e a tristeza se colocava de frente comigo. Eu
não tive escolha. Era necessário abrir os olhos e me enxergar. Enxergar o
estrago e as consequências de todos esses anos fugindo de problemas. Eu me
enganei durante todo esse tempo e não sabia.
Meu desespero e minha dificuldade em lidar com
os problemas me obrigaram buscar ajuda. Fui a um psicólogo de confiança e foi
aí que tive a real dimensão do que estava por vir: fui orientado a me consultar
com psiquiatra(!). Ao me consultar e vomitar minha
situação à médica, recebi o diagnóstico: DEPRESSÃO, ANSIEDADE com potencial de
se transformar em um Transtorno Obsessivo Compulsivo, o famoso TOC! Não vou
mentir, eu desabei. De imediato constatei que havia mais fundo no meu poço.
Já no dia seguinte comecei o tratamento medicamentoso:
20mg de paroxetina. Mas aí, meus amigos, outra luta estava prestes a começar: Os
efeitos colaterais ocasionados pela droga. A psiquiatra já havia me avisado sobre
isso, mas eu não tinha dimensão da pancada. A tontura e o enjoo (que também
sinto como efeito) é moleza perto da potencialização da angústia, da tristeza,
do medo e do choro causados pela paroxetina. É assustador! É um efeito
contrário ao objetivo do medicamento, que é estabilizar as sensações e fazer
com que você volte ao eixo. Mas é o tal “período introdutório” e a maioria das
pessoas que tomam antidepressivos passa por isso. Eu não sou exceção.
NEM
TUDO É ESCURIDÃO
Sim, há algo de positivo nisso tudo. E o
primeiro ganho que tive foi me reencontrar com Deus. Sim, Aquele que tanto
neguei nos últimos anos foi o primeiro a me acolher no momento mais difícil da
minha vida. E isso me fez perceber que Deus, em sua infinita bondade, sempre
esteve ao meu lado, mas eu quem sempre o rejeitou.
Além disso, também tenho recebido o amor, o afeto
e a compaixão de pessoas maravilhosas. Pessoas que, sem as quais, eu talvez não
tivesse força pra enfrentar tudo isso. Quero começar pela minha família, meus
irmãos e meus pais, mas principalmente minha irmã Priscila e minha sobrinha
Camilla. Eu sequer tenho palavras para agradecer o tamanho de amor que dedicam
a mim. Honestamente eu não sei se estaria escrevendo esse relato se não fossem
vocês na minha vida.
Também tenho que agradecer a duas outras
pessoas que, em minhas crises no trabalho, me apoiaram e se colocaram
prontamente em me ajudar: Meus companheiros e amigos, Alexandre e Fagner.
Quando as crises de ansiedade começam, o mundo se abre aos meus pés e esses
dois caras sempre estão ao meu lado, o tempo todo, e sempre com uma palavra de
conforto e um ombro para que eu me apoie. Alexandre e Fagner, meu eterno
agradecimento!
MAS
QUAL É O MEU OBJETIVO?
Não, eu não tenho a intenção de que isso seja
mais um texto de reflexão. Eu estou compartilhando esse meu relato afim de tentar
ajudar pessoas que estão passando pela mesma situação que a minha. E se você, que
está lendo, estiver passando pelo mesmo processo, busque ajuda profissional,
fale com sua família, grite para seus amigos, mas nunca (em momento algum) se
isole. A depressão é uma doença silenciosa, mas muito poderosa! O boicote que
sofremos da nossa mente nos põe de frente com a morte o tempo todo e isso não é
um exagero. Passamos a fantasiar em nossa cabeça que todas as pessoas ao nosso redor estão felizes menos a gente. E isso só faz aumentar o buraco aos nossos pés. Mas
temos que acreditar, a vida vale a pena!
Eu ainda estou no começo do tratamento e é
possível que eu tenha outras crises até que a medicação comece a estabilizar os
sintomas. Mas o que tem me ajudado (muito!) é engolir o orgulho, me apoiar na família,
nos amigos e, principalmente, em Deus. Vai por mim, você descobrirá o quão está
rodeado de gente que te ama e quer o seu bem.
A luta é diária, mas a gente é capaz de voltar
a sorrir e de colocar nossa vida nos eixos. Sejamos fortes e confiemos em Deus!
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