segunda-feira, 18 de setembro de 2017

“Curte” ou “compartilha”? Acho que minha vida poderia ser melhor

Após um longo dia de trabalho, cheguei em casa e liguei a TV. Sintonizei em qualquer coisa que não me fizesse prender a atenção, um seriado bobo de comédia norte-americana. Tireis os sapatos e a camisa. Estiquei as pernas no sofá enquanto “zapeava” as atualizações das redes sociais. Nas timelines apenas memes e textão (Nossa, como eu odeio textão! Embora, por vezes, eu queime minha língua por isso, confesso). A política me fascinava. Discutir política me fascinava. Porém, de uns anos pra cá, tenho tido (muita!) preguiça de falar sobre. Confesso que essa atitude fez de mim uma pessoa menos amarga, menos odiosa.

Hoje me seguro para não “compartilhar” mais o que eu penso sobre qualquer coisa, principalmente política (A não ser que seja numa mesa de bar com amigos que tenham decência de levar uma conversa, que não me imponha suas opiniões e que me botem a pensar sobre outro prisma. Caso contrário, é perda de tempo. Eu não perco tempo). Até porque, honestamente, acho que as pessoas cagam para o que eu tenho a dizer. E a recíproca, tenho que dizer, é bem verdadeira também.

Deixei o celular sobre o braço do sofá e continuei, por mais alguns minutos, a assistir o seriado bobo de comédia norte-americana. Celular vibra. Nada demais, eram apenas amigos num grupo de WhatsApp repassando algo inútil, como fotos de mulheres nuas ou algum vídeo com pretensões jocosas. Para não ser o único mal educado do grupo e, mesmo sem ter prestado atenção ao “conteúdo”, respondo um “kkkkk” e vida que segue. O problema de responder com um “kkkkk” é que o indivíduo que repassou o meme se sente estimulado. Então, é bem possível que nos próximos minutos venha(m) outro(s) “conteúdo(s)” similar(es). Eu sei disso porque muitas vezes eu sou esse indivíduo (exceção feita às fotos de mulheres nuas. Disso eu não compactuo, mesmo).

Levanto, pego uma cerveja na geladeira e pego algo para petiscar durante um gole e outro. Fico de frente à TV, que continua reproduzindo o seriado bobo de comédia norte-americana, dou algumas risadas e... a tela do celular reproduz nova notificação. A foto que postei durante almoço, do meu prato de comida, ganhou novo “like”. Aqui eu preciso levantar uma nova questão: O que eu faço com o “like”? Pra que serve, afinal?! Ok, amigo leitor, eu sou refém desse sistema também. Distribuo “likes” a torto e a direito sem que houvesse amanhã. Mas a questão me veio enquanto escrevo, me desculpe. Enfim, não entendo muito bem esse meio de interação. É algo que existe para que alguém registre a visualização (Hey, eu vi sua foto!) como se isso fosse mudar algo. Porém, o fato de eu não entender direito, não significa que eu não os cace. Até porque não faria sentido algum eu publicar algo que não fosse pra ser visto por outras pessoas, certo? Certo.

O seriado bobo de comédia norte-americana chega ao fim. Comercial. Pego o celular e vou até a varanda. Ascendo um cigarro e dou um gole em minha cerveja, enquanto “zapeio” as atualizações das redes sociais. E quando eu menos espero...“kkkkk”, “like”, “compartilhar” “encaminhar”, “enviar”, “publicar”.


Bem, agora que já cumpri minhas tarefas, vou dormir. Não antes de desejar uma “boa noite a todos” no grupo da família.

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