segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A te esperar


Passava das dez da noite e eu aguardava. Decidi permanecer por mais alguns minutos. Fiquei impaciente à medida que o tempo corria, mas a realidade é que eu não tinha muitas alternativas: desistir ou continuar eram minhas únicas opções. Sentei à beira do meio-fio, cruzei as pernas e inclinei meu corpo para trás apoiando as mãos na calçada. Levantei-me.

Mexi nos bolsos da minha calça jeans e peguei o maço de cigarros. Acendi um cigarro e, na tentativa de pensar em algo, me distraí com a fumaça que saia da minha boca. Entre um trago e outro quis abrir mão de tudo aquilo. Mas a angústia de um possível arrependimento me fazia negar qualquer decisão. Voltei a procurar algo, desta vez dentro de minha mochila. Encontrei um livro velho do Neruda, comprado há pouco num sebo. Voltei a me sentar.

Consegui me atentar, apenas por algum tempo, nos versos do escritor, mas a ansiedade, que me tomava inteiro, me chamou de volta à realidade. Por trás de mim algumas pessoas transitavam sem dar atenção aquele sujeito apreensivo.  Acendi outro cigarro e, de repente, cheguei a triste e difícil conclusão de que Helena, minha namoradinha do colégio, jamais voltaria à casa que se mudara há 12 anos. Parti.

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