Ainda sem saber as horas, caminhei pela avenida São João olhando a coleção de carros que passavam por mim. Avistei ao longe um saudoso trolebus parar para que uma senhora subisse e seguisse seu destino. Atento aos edifícios, acendi um cigarro e já próximo as escadas que davam acesso ao metrô República, parei. Então, olhei as horas e percebi que já passavam das cinco da tarde. Em meio à fumaça que tomava meu rosto, olhei uma linda mulher passar em passos largos rumo a qualquer lugar. Seu rosto me fez esquecer o redor, me envolvi num laço malicioso, maldoso.
Se quer desviei meu olhar. Seria injusto comigo, com meus olhos, por fim naquele momento que se misturava entre o desejo, calafrios e a fumaça de meu cigarro. Fui honesto com a minha consciência, nem por um instante relutei em admirar a linda mulher que em pouco tempo se perdeu na multidão.
Voltei ao acontecimento do espaço e no relógio já apontavam três minutos a mais. Cocei minha barba, traguei meu cigarro pela última vez e o lancei, não sabia qual seria seu fim, porém um mendigo próximo a mim abaixou-se para pegar a bituca e na tentativa de ressuscitar a brasa, acabou por não conseguir.
Entrei num boteco, pedi um café e enquanto o misturado de cafeína e açúcar não chegava, continuei a perder os olhos em detalhes sem importância. O emaranhado de carros continuava a evoluir na rua. Os sons das buzinas, motores e escapamentos davam início a uma sinfonia descontrolada e barulhenta. Balancei a cabeça como me perguntando o porquê de tudo aquilo.
Tomei e paguei o café, me despedi do balconista, que apenas balançou a cabeça com um pano sujo na mão o qual usava para limpar o balcão. Procurei me dar um rumo. Fui sentido a estação São Bento, dividi a calçada com ambulantes, senhoras, meninos e meninas. Pensei em voltar quando senti o vento forte do centro de São Paulo bagunçar meus cabelos. Mas por não saber aonde iria, dei sentido à caminhada.
No meu relógio já batiam às seis horas. Foi quando decidi acabar com tudo. Procurei a estação mais próxima – São Bento –, e antes mesmo de descer as escadas, resolvi acender outro cigarro. E em meio à fumaça que tomava meu rosto, avistei uma linda mulher que andava a passos largos e ao fundo, uma sinfonia descontrolada de buzinas, motores e escapamentos...
Um comentário:
Linda crônica....
Mas esse é o tipo de historia que gosto de saber o final!!!!!!!!!
Brincadeira...lembrou algumas outras histórias....daquelas que permeiam a mente dos romanticos....não há como se safar do destino....assim eu resumiria esta crônica...
Forte abraço
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