É chegada a hora (Publicada no Jornal Itaquera em Notícias)

Uma vida cheia de esperança, aos 17 ingressou para universidade, onde ali graduou durante quatro anos o curso de Jornalismo. Conheceu várias pessoas e, por ter uma fisionomia vantajosa aprendeu logo o prazer de ter várias mulheres. Alucinou-se diante de um novo mundo que acabara de conhecer. Fez deste mundo um grande brinquedo. No seu relógio as horas sempre passavam das vinte e quatro. Pessoa insana, ingênua talvez. Em seu semblante a felicidade foi por algum tempo visível. Hoje a melancolia é protagonista. Durante os quatro anos que fizera da vida uma grande diversão, não se deu conta de quanto era importante ser prudente. Se tivesse ouvido seus pais, seus verdadeiros amigos, talvez a vida, que sempre foi tão “generosa”, hoje não lhe pregaria uma peça. E que peça! Em seu leito de morte, agoniza a dor de não ter moderado seu passatempo, e o jovem de 23 anos aprendeu da pior forma, que a AIDS é coisa séria. Agora paga o preço da inocência do passado, da ansiedade presente e da imaturidade constante. Derrama suas últimas lágrimas, ou pelo menos, convive com o sentimento de que a cada piscar de olhos poderá ser o último. Matheus não teve o prazer de exercer sua carreira. A vida naquele momento lhe impunha um fim, um ponto final. Matheus renunciava sua vida deixando como exemplo a roda gigante que foi sua vida. Deu voltas e voltas, mas parou.