Por Glauber Canovas
Foi em dezembro de 1984 que tudo aconteceu, estava eu correndo pela rua deserta e muito cheirosa por causa das flores que emanavam das árvores, era verão em Pillar, cidadezinha interiorana do Espírito Santo. Eu corria, mas não sabia para onde, sentia medo, mas não sabia do quê! Na verdade eu queria um porto seguro, algo que me tirasse daquela angústia repentina. Parei, dei um giro de 180 graus, não enxerguei ninguém. Pensei em chorar, mas as lágrimas não escorriam pelo meu rosto, corri.
Cansado de correr sem destino, parei já no final da rua em frente à casa de Lucas, um grande amigo. -Ah! Lembro de quando brincávamos logo ao amanhecer de cada dia, quantas vezes saímos nos tapas por causa daquela doce menina que morava em frente sua casa.
Priscilla era um ano mais velha que nós dois, tinha treze e completara todo dia 06 de setembro, nunca esqueço. Sinto saudades, queria voltar no tempo, mesmo sabendo que Lucas havia enfim conquistado o coração de Priscilla. Era bom, porquê tinha de acabar? Por quê hoje me encontro no final da rua Mairinque e não vejo as crianças que convivi na minha infância? Nem Lucas, nem Priscilla. De repente senti uma lágrima escorrendo... não sabia definir meu sentimento, uma tristeza fulminante se juntava com meu ódio, com meu vazio. O ódio talvez seria por eu não conseguir se quer me manter forte.
Sentei à guia, esperei retomar meu fôlego, e por instante imaginei minha morte, ou simplesmente a desejei. Estava submisso a tudo aquilo, padecia de uma dor involuntária, de um momento não esperado o qual me atingiu sem piedade. Levantei e regredi ao meu ponto de partida, dessa vez andando e prestando atenção em cada movimento, em cada árvore cheirosa deixada para trás. Parei novamente e respirei fundo, dobrei a esquina e na primeira casa da rua General Calixto toquei a campainha, esperei. Um homem saiu esbaforido, parecia precisar de ajuda me chamou pelo nome, misturou uma risada acanhada com um choro desesperado. Nesse momento eu imaginava como poderia ajudá-lo se a pouco era eu quem precisava de ajuda. Percebi que não era de ajuda que o tal homem precisava, mas sim de minha presença.
De repente me dei conta que eu já não estava mais triste e arrisquei um sorriso, dei-lhe um abraço forte e entrei na sua casa. Por um motivo aquele abraço teria me feito bem, teria de alguma forma eliminada minha aflição e emplacado um conforto generalizado, senti que o mesmo aconteceu com ele. Trouxe-me algo para beber, conversamos sentados no sofá tomando café.
Priscilla era um ano mais velha que nós dois, tinha treze e completara todo dia 06 de setembro, nunca esqueço. Sinto saudades, queria voltar no tempo, mesmo sabendo que Lucas havia enfim conquistado o coração de Priscilla. Era bom, porquê tinha de acabar? Por quê hoje me encontro no final da rua Mairinque e não vejo as crianças que convivi na minha infância? Nem Lucas, nem Priscilla. De repente senti uma lágrima escorrendo... não sabia definir meu sentimento, uma tristeza fulminante se juntava com meu ódio, com meu vazio. O ódio talvez seria por eu não conseguir se quer me manter forte.
Sentei à guia, esperei retomar meu fôlego, e por instante imaginei minha morte, ou simplesmente a desejei. Estava submisso a tudo aquilo, padecia de uma dor involuntária, de um momento não esperado o qual me atingiu sem piedade. Levantei e regredi ao meu ponto de partida, dessa vez andando e prestando atenção em cada movimento, em cada árvore cheirosa deixada para trás. Parei novamente e respirei fundo, dobrei a esquina e na primeira casa da rua General Calixto toquei a campainha, esperei. Um homem saiu esbaforido, parecia precisar de ajuda me chamou pelo nome, misturou uma risada acanhada com um choro desesperado. Nesse momento eu imaginava como poderia ajudá-lo se a pouco era eu quem precisava de ajuda. Percebi que não era de ajuda que o tal homem precisava, mas sim de minha presença.
De repente me dei conta que eu já não estava mais triste e arrisquei um sorriso, dei-lhe um abraço forte e entrei na sua casa. Por um motivo aquele abraço teria me feito bem, teria de alguma forma eliminada minha aflição e emplacado um conforto generalizado, senti que o mesmo aconteceu com ele. Trouxe-me algo para beber, conversamos sentados no sofá tomando café.
Foi quando saiu da minha boca uma palavra nunca dita por mim, mas que eu sempre esperei dizer um dia. No entanto não tinha mais a esperança de pronunciá-la. E aquele homem de alguma maneira me fez ver que eu devia finalmente falar. –Pai! O homem que me abriu a porta era meu pai! O pai que eu sempre quis ter, o pai que me faltou na formatura do colégio, o pai que não apareceu no natal, mas o pai que eu amava sem conhecer. Fiquei feliz, tão feliz que não conseguia dizer mais nada, então amanheceu e eu acabava de acordar de apenas mais um sonho.
2 comentários:
Oi, muito boa a sua crônica. Melhor ainda pq enfoca uma cidadezinha de um estado que adoro. Também escrevo contos/crônicas e estou escrevendo uma minissérie chamada Dulcinéia.
P.S. encontrei seu link numa comunidade do Orkut.
Abraços e sucesso.
Puta Glauber! Essa foi muito boa cara, muito mesmo, forte sem ser piegas nem sentimentaloide. Também gostei do novo visu. Abraços.
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